terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

Tradições Luxemburguesas: Cavalcade @ Esch-sur-Alzette 2024

De todas as tradições luxemburguesas que conhecemos até hoje, a que mais nos surpreendeu foi mesmo o Carnaval e as festas que estão associadas a esta festividade.

Quando falamos no Carnaval as primeiras coisas que pensamos são, provavelmente: calor e Brasil e, para os portugueses mais entusiastas desta época, o Carnaval de Torres Vedras.

No entanto, que se engane quem acha que os países mais a norte da Europa não ligam ao Carnaval ou que nem sequer o festejam. Festejam sim! E festejam em grande!

Cartaz Escher Fues Weekend, by Me

Este ano, 2024, aqui no Luxemburgo os festejos de Carnaval começaram no dia 2 de fevereiro, com o Liichtmëssdag (Dia da Candelária), 40 dias depois do Natal e quando as crianças saem à rua com as suas lanternas, feitas por eles – vou falar sobre essa tradição noutro post à parte. 

Os festejos de Carnaval terminam, supostamente, na Äschermëttwoch, a quarta-feira de cinzas (o dia a seguir ao dia de Carnaval), com a queima do Stréimännchen (um boneco de palha vestido de homem que leva uma carteira vazia e uma garrafa também vazia, para simbolizar os gastos durante o período carnavalesco e reparar as transgressões dos foliões) na vila de Remich, junto ao Rio Mosela - esta tradição vem desde 1821 e nos anos bissextos, como o é 2024, a personagem a queimar é um boneco vestido de mulher. O boneco é levado para a ponte entre o Luxemburgo e a Alemanha e aqui é devidamente incendiado e depois atirado ao rio. O intuito é dispersar os espíritos do inverno e celebrar a chegada da primavera. A procissão que antecede a queima do Stréimännchen é acompanhada por bandas locais.

No entanto, para os luxemburgueses a festa não termina aqui. Até ao quarto domingo da Quaresma, ou Bretzelsonndeg, ou ainda 1/2 faaschten (meio da quaresma, em luxemburguês), continuam a haver bailes e desfiles de carnaval por este país fora. Este ano, tanto a vila de Remich, como a vila de Pétange apresentam as últimas cavalcades (cavalgadas) da época.

O que é a Cavalcade? Em tradução direta é uma cavalgada, mas aqui não no sentido literal da palavra, porque a Cavalcade é um colorido desfile carnavalesco, repleto de grupos mascarados de igual, acompanhados de carros alegóricos dedicados ao tema do grupo. No final do desfile, são escolhidos os melhores carros e as melhores equipa, sendo oferecido um prémio aos primeiros lugares.

Esch-sur-Alzette, by Me
Esch-sur-Alzette, by Me














Tendo ido o ano passado a Remich e ficando surpreendidos pelo vimos e assistimos, este ano resolvemos ir assistir a outra cavalcade do país, em Esch-sur-Alzette.

Cavalcade, by Me

Cavalcade, by Me

Cavalcade, by Me

Cavalcade, by Me















Foi a 23ª Cavacalde a realizar-se na cidade de Esch-sur-Alzette e a festa teve a duração de três dias: começou na sexta-feira, dia 23 de fevereiro, às 21h00, e terminou no dia 25 de fevereiro, com a Cavalcade e a festa que se seguiu. 

Cavalcade, by Sérgio Piçarra Photography



Cavalcade, by Sérgio Piçarra Photography


Cavalcade, by Sérgio Piçarra Photography
Estes fins-de-semana carnavalescos são para as crianças e para os adultos, também. Se as festas dos graúdos são animadas por DJ's e bandas de música cover; as festas para os mais novos (e não só) são bailes de máscaras, os Kannerfuesbal, também animados por DJ's.





O fim dos festejos dá-se com a Cavalcade propriamente dita, com as ruas repletas de pessoas a participar e a assistir ao cortejo (onde passaram mais de 60 carros alegóricos) e à festa que se segue ao final do desfile.






Durante a Cavalcade os participantes vão distribuindo doces pelas crianças (e adultos) presentes, além de atirarem bastantes papelinhos à população, deixando com um manto feito de papel.*1





Ao contrário da Cavalcade de Remich (e outras), em Esch-sur-Alzette não se paga qualquer valor para assistir, exceto se quiserem participar das festas animadas pelos DJ's, onde a entrada já é paga.

Cavalcade, by Sérgio Piçarra Photography

Transformers na Cavalcade, by Sérgio Piçarra Photography

Transformers na Cavalcade, by Sérgio Piçarra Photography

O samba na Cavalcade também não podia faltar, by Sérgio Piçarra Photography


Data: 25 de fevereiro de 2024

* Todas as fotografias publicadas foram tiradas por mim, com o telemóvel, e pelo Sérgio Piçarra Photography (o meu fotografo preferido 😍) com a sua super máquina Canon 60D!

*No final do cortejo entram em cena os serviços municipais que começam a aspirar e limpar as ruas de todo o lixo que possa ter ficado espalhado durante o desfile. Isto tem acontecido em todos os eventos realizados pelo país fora e a que nós temos assistido.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Tradições Luxemburguesas: Buergbrennen 2024

O Buergbrennen é um evento que acontece anualmente no primeiro domingo a seguir ao Carnaval, o primeiro domingo da Quaresma, e significa “Castelo em Chamas”. 

A "Cruz" de Bonnevoie, by Me

Neste post, de 2023, explicamos um pouco sobre esta tradição secular, mas fica aqui novamente um pequeno resumo para quem não leu. 

Esta tradição luxemburguesa, de origem pagã, simboliza a despedida do inverno e as boas vindas à primavera. Aqui “acende-se” uma grande fogueira para afastar a estação fria, fogueira essa feita com bocados de madeira, palha, árvores de natal velhas e outros materiais inflamáveis. Mas não pensem que é uma “simples” fogueira, porque não é. É algo pensado e construído por uma organização da vila/aldeia. Em muitos casos, são verdadeiras construções como castelos, tanto em comprimento como em altura. Ainda antes do buerg (castelo) ser incendiado, acontece uma pequena procissão com tochas (fazelzuch, em luxemburguês) pela vila até ao local onde se encontra a construção a queimar - esta procissão não acontece sempre, nem em todos os locais.

Realizado em quase todas as vilas do país, este evento junta a população em torno de uma pequena festa, onde os comes e bebes tradicionais não faltam, como bouneschlupp (sopa de feijão verde), Ierzebulli (sopa de ervilhas) ou Glühwäin (vinho quente). 

Hoje em dia, não acontece apenas ao domingo, mas também ao sábado, dependendo do local e para que todos possam participar em várias localidades. Se o ano passado, o ano do nosso primeiro Buergbrennen, fomos ver o maior Buergbrennen realizado no país, este ano decidimos ficar pela localidade onde moramos e ver a construção do "nosso" bairro. Aqui quem realiza o evento são os Escuteiros também do bairro e pela Fanfarra Municipal. 

Os escuteiros e as tochas, by Sérgio Piçarra Photography

Começa o "incêndio", by Me

O início da queima do castelo estava marcado para as 19h15 e quando lá chegamos antes disso já havia muita gente. Barraquinhas de comida e bebida junto à cruz, feita com paletes e outros materiais inflamáveis; famílias e amigos em plena confraternização e as pessoas a instalarem-se em locais de onde pudessem ter a melhor vista e tirar as melhores fotografias. Toda a feste foi acompanhada com música de fundo, tocada pela Fanfarra Municipal, para ajudar o tempo de espera a passar. 

Às 19h30 o fogo é ateado, após uma pequena procissão feita pelos escuteiros (costuma haver uma procissão maior, que vai desde a igreja do nosso bairro até ao local onde se dá o buergbrennen, mas este ano não foi realizada) e o incêndio da cruz começa. A partir daí foi esperar que toda a construção pegasse fogo, com as pessoas (nós incluídos) maravilhadas a olhar para aquele espetáculo (há alguma coisa no fogo que se torna hipnotizante e que nos prende ali a olhar como se nunca tivéssemos visto uma fogueira a arder). 

A "cruz" totalmente, em chamas, by Me
A "cruz" totalmente, em chamas, by Me























Ao fim de quase uma hora, a cruz já estava praticamente queimada e a população começou a deixar o recinto. Apesar de estar praticamente queimada quando nos viemos embora, ao chegarmos a casa, ainda conseguíamos ver ao longe algumas chamas e sentir o cheiro a queimado (acho que o cheiro andou no ar todo o fim-de-semana devido à quantidade de "fogos" que houve no país). É um espetáculo bonito de se ver e uma tradição que a população teima em manter e em passar aos mais novos (o que pessoalmente acho muito bem), para que os costumes não se evaporem com o tempo.

A "cruz" a arder, by Sérgio Piçarra Photography

A "cruz" a arder, by Sérgio Piçarra Photography

Este evento junta as famílias, os amigos, os habitantes locais e os vizinhos de outras localidades. Trás a esperança de dias mais amenos, mais longos (que já se notam bem) e com mais horas de luz. Traz-nos a esperança do renascimento de novos dias e de uma nova estação.

A "cruz" a arder, by Sérgio Piçarra Photography

A "cruz" a arder, by Sérgio Piçarra Photography

A "cruz" a arder, by Sérgio Piçarra Photography

Data: 17 de fevereiro de 2024

* Todas as fotografias publicadas foram tiradas por mim, com o telemóvel, e pelo Sérgio Piçarra Photography (o meu fotografo preferido 😍)!