segunda-feira, 27 de março de 2023

Luxemburgo – Portugal: o jogo de futebol por que todos esperavam!

 

Ontem, dia 26 de março de 2023, decorreu na cidade do Luxemburgo o jogo entre Luxemburgo e Portugal, que conta para o apuramento do Euro 2024, que se vai realizar na Alemanha (mesmo aqui ao lado).

Cachecol Luxemburgo - Portugal @ Stade de Luxembourg, by Me 

Acho que desde que saiu o sorteio para os jogos de cada grupo (onde Portugal e Luxemburgo estão incluídos) que todos os portugueses aqui no Luxemburgo andavam ansiosos com este jogo, à espera que chegasse o dia do derradeiro encontro (o último jogo entre as duas equipas tinha sido em 2021, para a qualificação do Campeonato Mundial de 2022).

Stade de Luxembourg, by Me 

Nós não fomos exceção e assim que os bilhetes foram colocados à venda, aqui no Luxemburgo andamos a pensar em comprar para assistir. Mas, os luxemburgueses não foram parvos e, sendo de esperar que o estádio enchesse para este jogo (ou não fossem os portugueses a maior comunidade emigrante do país, representando mais de 15% da população total do país), colocaram à venda os bilhetes em conjunto para todos os jogos onde o Luxemburgo vai participar e não individualmente. Na altura, não nos pareceu algo lógico e decidimos não comprar (não fazia sentido para nós gastar dinheiro para cinco jogos, só querendo assistir a um deles). O tempo foi passando e nunca mais nos lembramos de tal.

No entanto, por vezes o Universo conspira a nosso favor e vai que na semana que passou ganhamos dois bilhetes, num passatempo, para ver o jogo. Estivemos caladinhos porque nem conseguíamos acreditar na nossa sorte. Não que sejamos fanáticos por futebol, ou coisa que o valha, mas assistir ao jogo da seleção do nosso país de origem, contra a seleção do país que tão bem nos recebeu, era algo que não queríamos perder – e já só achávamos que íamos ver na televisão, como tantos outros emigrantes e não emigrantes. Mas aconteceu e fomos ao estádio. E que grande estreia para conhecer o Estádio do Luxemburgo.

Chegamos ao estádio cedo, ainda as portas se encontravam fechadas. Desde logo começamos a ver os cachecóis, as bandeiras, as camisolas com a bandeira de Portugal e as cores do nosso país. Também se via do Luxemburgo, claro, mas em muito menos quantidade. E muitos usavam um cachecol com as duas bandeiras, tal como nós.

Exterior do Stade de Luxembourg (a espera pela equipa portuguesa),
by Me 

As portas abriram por volta das 19h00 e a entrada deu-se rapidamente e sem confusões de maior. Bilhetes com lugares marcados o que facilita a “não confusão”, muita gente decidiu ficar-se pelos comes e bebes, já que ainda faltava muito tempo até o jogo começar. Foi o que nós fizemos. Comemos, demos uma volta no estádio (por onde tínhamos acesso), pedimos bebidas e tiramos muitas fotos e fizemos muito filmes. Ocupamos o nosso lugar e esperamos pela nossa seleção (e a do Luxemburgo vá) entrar e começar o aquecimento. Cantamos o hino (não cantamos o luxemburguês porque não o sabíamos, mas ouvimos muitos portugueses à nossa volta a cantar os dois). E o jogo começou. Estádio cheio. Claques divididas, mas por todo o estádio uma junção de luxemburgueses com portugueses, em plena comunhão e apenas com vontade assistir ao jogo, sem confusões. E foi o que aconteceu.

Crémant (Espumante luxemburguês), by Me 



Bancada VIP: Grão-Duque do Luxemburgo, Presidente da República português,
Primeiro-Ministro luxemburguês e português, Fotografia LUSA

Equipa de Portugal, Fotografia Kenzo Triboullard-AFP

Equipa do Luxemburgo, Fotografia Ben Majerus

Quando Cristiano Ronaldo marcou o primeiro golo por Portugal, o estádio levantou-se em ovação (e mais ainda depois da decisão do VAR ao validar o golo). E levantou-se novamente com o golo de João Félix, e novamente com o golo do Bernardo e depois no do Cristiano Ronaldo. Terminámos a primeira parte com Portugal a vencer por quatro golos, contra zero do Luxemburgo. Quando a segunda parte começou vimos um Luxemburgo com mais energia e mais vontade de fazer alguma coisa e marcar, mas isso nunca aconteceu. Aos 77 minutos da segunda parte Portugal marca o quinto golo, por Otávio, e depois aos 88 o sexto, por Rafael Leão. Em todo o jogo nunca a claque do Luxemburgo deixou de torcer pelos seus, tal como Portugal torceu sempre pela sua equipa (confesso que achei os luxemburgueses mais barulhentos do que esperava e os portugueses com menos garra na sua claque, mas posso ter sido só eu que sabendo que a maioria dos espetadores do estádio eram portugueses esperava mais barulho da nossa parte).

Bancada do Luxemburgo festeja o golo de Ronaldo,
Fotografia Kenzo Triboullard-AFP

Claque Luxemburguesa, Fotografia da LUSA

Claque Portuguesa, Fotografia da LUSA

Com o final do jogo as duas equipas despediram-se afetuosamente, afinal também haviam seis portugueses (lusodescendentes) na equipa do Luxemburgo. E depois foram despedir-se das suas claques, oferecer camisolas e dar autógrafos. E por falar em luxemburgueses na equipa nacional do Luxemburgo descobrimos no final que, até a mascote da equipa, é vestida por um português.

Mascote do Luxemburgo, Fotografia da LUSA

Foi, para nós, uma experiência fantástica: primeiro eu nunca assistido a nenhum jogo da seleção num estádio (o fotógrafo preferido já o tinha feito em Portugal, no jogo em Portugal goleou a Rússia por sete golos, contra zero, no Estádio de Alvalade, em 2004). Segundo fomos ver ao vivo os “nossos” dois países: Portugal onde nascemos e crescemos e Luxemburgo que nos acolhe desde o ano passado, e que já é um bocadinho nosso também. Em terceiro, ouvir o hino dos dois países ao vivo tem o seu quê e ver que os portugueses também cantam o hino luxemburguês faz-nos sentir orgulho de quem somos e não esquecemos quem nos “deu a mão”. Em quarto, conseguimos bilhetes (oferecidos num passatempo) quando já estava tudo esgotado (para nós não conta a revenda de bilhetes que os levaram a ter preços exorbitantes). E por último, assistir à goleada de Portugal e mesmo assim sentir que os luxemburgueses se mantiveram calmos e nunca deixaram de apoiar a sua equipa, nem os destrataram no final, mas sim aplaudiram. Isto é uma lição de vida e saber estar para muitos que andam por aí.

Resultado final Luxemburgo 0 - Portugal 6, by Me

Data: 26 de março de 2023


sexta-feira, 24 de março de 2023

Luxemburgo: o 9º país mais Feliz no Mundo, em 2023

 

O World Happiness Report disponibilizou na passada segunda-feira, dia 20 de março, o Dia Internacional da Felicidade, o seu relatório onde estabelecem por ordem crescente quais os países mais felizes do mundo, para o ano de 2023.

O Luxemburgo encontra-se em 9º lugar entre 137 países, tendo descido três lugares no ranking em relação ao ano de 2022. Já a Finlândia mantém o primeiro lugar pelo sexto ano consecutivo e Portugal encontra-se em 56º lugar (o mesmo lugar relativamente a 2022).

Catedral Notre-Dame e Gëlle Gra, vistas da Ponte Adolphe, by Me

Grund, by Me

O relatório de 2023 faz um balanço dos últimos três anos (entre 2020 e 2022) e percorre a evolução da pandemia Covid-19 e como os países conseguiram gerir a situação e manter os níveis de felicidade da sua população. Os dados analisados para este relatório foram, entre outros, o PIB per capita, os apoios sociais, a esperança média de vida saudável, a liberdade de fazer escolhas de vida, a generosidade e a perceção de corrupção. O desemprego, por exemplo, não é um fator de análise pois os dados sobre o mesmo não estão disponíveis em todos os países que fazem parte da lista.

Os dados analisados para o World Happiness Report são obtidos através de amostras representativas relativamente ao número de cidadãos de cada país, onde se pede aos cidadãos que respondam a questionários e avaliem as suas próprias vidas numa escala de 0 a 10 (0 é considerado a pior vida possível e 10 a melhor).


O World Happiness Report vem na sequência da resolução 65/309 – Felicidade: Rumo a uma Definição Holística de Desenvolvimento (onde se reconhece que a felicidade é um objetivo universal), adotada pela ONU em junho de 2011 e de ter solicitado os seus países membros a medirem a felicidade da sua população e usarem esses dados para direcionar as políticas públicas.

Divulgado pela primeira vez em abril de 2012, o World Happiness Report, foi usado como um texto essencial para a Reunião de Alto Nível da ONU: Bem-Estar e Felicidade, definindo um novo Paradigma Económico. Este relatório descreveu o estado da felicidade mundial e atraiu a atenção do mundo inteiro. Foi lançado novo Relatório Mundial da Felicidade em 2013 e depois novamente em 2015. A partir de 2016 passou a ser publicado anualmente, a 20 de março, para coincidir com o Dia Internacional da Felicidade, instituído pela Organização das Nações Unidas desde 2012.

*Fonte World Happiness Report e Wikipedia


Luxemburgo: Doces Típicos

O Luxemburgo não é um país com grandes pratos típicos, como estamos habituados a ver em Portugal, mas no que toca a doces em praticamente todas as festividades, existe um doce diferente e específico para a mesma.

Ora vejam os doces que podemos encontrar nas pastelarias e padarias da cidade (e do país) em épocas específicas:


Dräikinneksdag (Dia de Reis)

Dräikinnekskuch: também conhecido como Galette des Rois é o bolo do Dräikinneksdag (Dia de Reis👑, em luxemburguês), comemorado a 6 de janeiro. É um bolo feito com massa folhada e recheado com um creme doce com sabor a amêndoa (o frangipane). No interior deste bolo é colocado uma fève (feijão). Normalmente, este bolo é vendido acompanhado por uma coroa👑em papel e a pessoa a quem sair a fève é considerada o rei👑, ou a rainha👑, do dia e pode usar a coroa. Nos dias de hoje, a fève não é mais do que uma pequena figura em porcelana (cuidado aos mais curiosos e gulosos, não vão partir um dente).


Fuesent (Carnaval)

Fueskichelcher é o nome dado aos diversos biscoitos abaixo. Traduzido significa biscoitos🍪na generalidade e não a um biscoito específico.

Verwuerelter: o nome destes bolinhos típicos da época de Carnaval significa emaranhados ou torcido e dizem que a sua origem está ligada aos pensamentos confusos que a época de Carnaval pode gerar (não encontrei fonte que comprovasse esta ideia😳). Os Verwuerelter são uns bolos de massa leve (parecida com a massa dos donuts) com o formato de um nó, fritos e polvilhados com açúcar de confeiteiro. Acabados de fazer são deliciosos.

Verwuerelter, by Me

Nonnefäscht: significa Peidos de Freiras😱 e são outro dos doces típicos do Carnaval luxemburguês e muito populares entre a população. Estes biscoitos são umas bolinhas fritas polvilhadas com açúcar em pó.

Täertelcher: a palavra significa torta, mas do que li online são pequenos biscoitos fritos em forma de roscas, talvez uma espécie de donuts (estes não encontrei à venda em lado nenhum).

Maisercher: pequenos donuts em formato de ratos🐁(também não encontrei em lado nenhum).

Stretzegebäck: embora a palavra signifique massa folhada, do que li são pequenos biscoitos em massa escaldada😕, depois levados ao forno para cozinhar. Depois de cozinhados são polvilhados com açúcar (mais um tipo biscoito que não encontrei em lado nenhum).


Faaschtenzäit (Quaresma)

Bretzel: sobre este doce ligado à altura da Quaresma já falei aqui. No Luxemburgo o pretzel🥨que se encontra à venda na altura da Quaresma é diferente do que normalmente encontramos nos mercados de Natal da Alemanha e até mesmo aqui no Luxemburgo. A massa do “Bretzel do Amor” é leve e pode ser coberta de açúcar e amêndoas, só de açúcar ou com chocolate (pelo menos estas foram as versões que eu vi). É muito, mas muito bom!

Bretzel, by Me



Hierscht (Outono)

Quetschentaart: é uma tarte típica de outono, quando as ameixas já se encontram maduras, e muito popular aqui no Luxemburgo. A base da tarte é um género de massa quebrada, feita com farinha, manteiga e açúcar e recheada com ameixas (zwetschgen) cortadas. Este tipo de ameixa, típica aqui da região, é mais pontiaguda e o seu sumo um pouco mais ácido. Costuma ser servida com chantilly, principalmente nos lanches da tarde.


Chrëschtdag Zäit (Época Natalícia)

Boxemännchen: a massa deste bolo é parecida à da nossa conhecida bola de Berlim e o seu formato é de um pequeno homem. São cobertos de açúcar. Este doce é indispensável nas ofertas deixadas a Saint-Nicolas e no Natal.

Boxemännchen, by Me

Stollen: este bolo é geralmente servido durante as festas de final de ano. Feito à base de farinha, uvas passas e frutos secos, polvilhado com açúcar em pó.

 

Outros doces que se podem encontrar em qualquer altura do ano

Bamkuch: este bolo está, geralmente, reservado para as grandes ocasiões na vida dos luxemburgueses, como comunhões ou batizados. É um dos bolos mais populares do país no que toca a casamentos. O seu nome significa “bolo de árvore” porque na sua versão clássica tem a forma de tronco aberto e consegue ver-se as várias camadas do bolo, como se fossem os anéis do tronco de uma árvore. É um bolo mais complicado de fazer em casa, pois costuma ser feito num espeto (para ter a abertura ao centro) e cozinhado camada em cima de camada, levando ao todo cerca de 20 camadas.

Kéistaart: é um género de cheesecake feito à base de queijo fresco, mas sem a cobertura doce que normalmente vimos por cima.

Kéistaart, by ME

Kéistaart, by ME

Mummentaart: é uma tarte de maçã. A base desta tarte é feita de farinha, manteiga, água e sal, e para o recheio são usadas maçãs mais ácidas, aos cubos ou fatias (depende do gosto de cada um), polvilhadas de açúcar, canela e sumo de limão. O significado de Mummentaart é “tarde múmia” porque a tarte é coberta de massa, que lhe dá o aspeto de múmia. Pode ser comida fria ou quente, a gosto de cada um, e acompanhada por gelado de baunilha.

*alguns dos doces publicados não têm fotografias porque ainda não os provamos. Assim que tiver "provas" coloco aqui a fotografias para verem o tipo de bolo/biscoito que se fala

quarta-feira, 15 de março de 2023

Tradições Luxemburguesas: Cavalcade @ Remich

Continuando com as tradições luxemburguesas, vamos falar do Carnaval 😱. Engane-se quem acha que os países mais a norte da Europa não ligam ao Carnaval ou sequer o festejam. Festejam e festejam em grande.

Carro alegórico @ Cavalcade Remich, by Sérgio Piçarra Photography

Pessoas mascaradas @ Cavalcade Remich, by Sérgio Piçarra Photography

Aqui no Luxemburgo os festejos de Carnaval começam no dia 2 de fevereiro, com o Liichtmëssdag (Dia da Candelária), 40 dias depois do Natal e quando as crianças saem à rua com as suas lanternas, feitas por eles – vou falar sobre essa tradição noutro post à parte. Os festejos terminam, supostamente, na Äschermëttwoch, a quarta-feira de cinzas (dia a seguir ao dia de Carnaval), com a queima do Stréimännchen (um boneco de palha vestido de homem que leva uma carteira vazia e uma garrafa também vazia, para simbolizar os gastos durante o período carnavalesco e reparar as transgressões dos foliões) na vila de Remich, junto ao Rio Mosela. O boneco é levado para a ponte entre o Luxemburgo e a Alemanha e aqui é devidamente incendiado e depois atirado ao rio. O intuito é dispersar os espíritos do inverno e celebrar a chegada da primavera. A procissão que antecede a queima do Stréimännchen é acompanhada por bandas locais.

No entanto, para os luxemburgueses a festa não termina aqui. Até ao quarto domingo da Quaresma, ou Bretzelsonndeg, ou ainda 1/2 faaschten (meio da quaresma, em luxemburguês), continuam a haver bailes e desfiles de carnaval por esse país fora. Volta a ser em Remich a derradeira cavalcade (cavalgada) da época.

Copos entregues com a compra do bilhetes, by Me

Donuts distribuídos pela Cavalcade, by Me

Durante o desfile vão distribuindo vinho local para prova, by Me

Os confettis atirados a partir dos carros alegóricos, by Me

Após uma paragem de três anos, devido à pandemia Covid, a Cavalcade Réimech volta para a sua 35ª edição. O que é a Cavalcade? Em tradução direta é uma cavalgada, mas aqui não no sentido literal da palavra, porque a Cavalcade é um colorido desfile carnavalesco, repleto de grupos mascarados de igual, acompanhados de carros alegóricos dedicados ao tema do grupo. A festa começa na sexta-feira, dia 17 de março, após o horário laboral, e termina no dia 19 de março, com a Cavalcade e a festa que se segue. No final da Cavalcade é eleito o príncipe ou princesa da mesma.



Foto by Me

Foto by Sérgio Piçarra Photography

Foto by Sérgio Piçarra Photography

Foto by Sérgio Piçarra Photography

Foto by Sérgio Piçarra Photography

Foto by Sérgio Piçarra Photography

A entrada no recinto tem um custo de €5/pessoa e dá direito a um copo a ser utilizado durante o desfile, quando os participantes da Cavalcade distribuírem bebidas pela assistência (uma forma de poupar recursos e gastar menos plástico). Também são distribuídos doces (mais atirados do que distribuídos) pelas crianças (e adultos também 😋) que andam eufóricos e a competir entre si, para ver quem leva o saco mais cheio para casa 😂. É claro que os donuts na fotografia acima não foram atirados, mas sim distribuídos por quem quis experimentar (eram deliciosos 😁).


Data: 19 de março de 2023

* Todas as fotografias publicadas (e também o filme) foram tiradas por mim, com o telemóvel, e pelo Sérgio Piçarra Photography (o meu fotografo preferido 😍) com a sua super máquina Canon 60D!

Tradições Luxemburguesas: Bretzelsonndeg – Pretzel Sunday

O Luxemburgo é um país com bastantes tradições e, muitas delas, nunca tínhamos ouvido falar. A viver aqui há mais de um ano estamos a habituar-nos a estes novos costumes, diferentes dos que estávamos habituados, e entrando no espírito do país, participando nessas novas tradições, para nos sentirmos ainda mais integrados, do que aquilo que já estamos (e sentimos). Algumas dessas tradições são bastante engraçadas.

Bretzel com Açúcar e Amêndoas Laminadas, by Me

Estamos no período da quaresma, época que antecede a Páscoa (a primeira festividade que passamos por aqui em 2022). E se os luxemburgueses dão início à quaresma com a queima do “castelo” (podem ver aqui mais informações sobre essa tradição), o quarto domingo da quaresma também é de festa – festeja-se o Bretzelsonndeg ou o Pretzel Sunday.

Bretzelsonndeg acontece, todos os anos, no quarto domingo da quaresma (considera-se que marca o meio da quaresma), é uma tradição luxemburguesa com muitos anos e considerada uma festa de Amor 💛.

Bretzel, by Me

Esta tradição remonta ao século XVIII quando, durante o Buergbrennen, as jovens gritavam o nome do homem de quem gostavam, enquanto atiravam lenha para a fogueira. Os rapazes que ouvissem chamar pelo seu nome, podiam agir de acordo com essa dica e oferecer um bretzel à rapariga que tivesse gritado pelo seu nome.

Assim, de acordo com a tradição, o homem oferece à pessoa amada um bretzel (uma especialidade luxemburguesa feita com massa folhada, com glacé de açúcar e amêndoas laminadas por cima  é diferente dos pretzels que podemos estar habituados a ver por terras alemãs), como prova do seu amor por ela. Se os sentimentos forem recíprocos, no domingo de Páscoa, o homem, recebe da pessoa amada um ovo de chocolate decorado. Se a pessoa não estiver interessada recebe um cesto vazio e daí vem a expressão luxemburguesa de kuerf kréien (receber um cesto), que significa ser rejeitado.

Bretzel com Açúcar e Amêndoas Laminadas, by Me

Bretzel com Amêndoas Laminadas e Chocolate, by Me

Em anos bissextos a tradição inverte-se e é a vez da mulher oferecer à pessoa amada o pretzel e essa pessoa decidir se oferece um ovo ou um cesto vazio.

Esta tradição é tão popular que mesmo casais de namorados ou já casados participam nesta troca de bretzel/ovo de Páscoa. O tamanho do bretzel, normalmente, simboliza a força dos sentimentos: quando maior o doce maior o sentimento.

Do que li também costuma haver, na cidade do Luxemburgo, um género de procissão para celebrar este domingo, que fica completo com a “Rainha do Pretzel” a oferecer a iguaria pelo centro da cidade, aos habitantes e turistas – este ano vamos tentar confirmar se isto realmente acontece ou não!

Um bretzel ou pretzel é um tipo de pão, moldado em forma de um nó (que nesta festividade representa os braços entrelaçados dos enamorados). Pode ser doce ou salgado e é popular na Alemanha, Alsácia, Áustria, na região alemã do Luxemburgo e da Suíça.

Querem saber se eu vou receber o bretzel? Fiquem por aí 😍

Data: 19 de março de 2023

segunda-feira, 6 de março de 2023

Tradições Luxemburguesas: Buergbrennen

O Buergbrennen é um evento que acontece anualmente no primeiro domingo a seguir ao Carnaval, o primeiro domingo da Quaresma, e significa “Castelo em Chamas”. 

O "Castelo" de Niederanven, by Sérgio Piçarra Photography

Esta tradição luxemburguesa, de origem pagã, simboliza a despedida do inverno e as boas vindas à primavera. Aqui “acende-se” uma grande fogueira para afastar a estação fria, fogueira essa feita com bocados de madeira, palha, árvores de natal velhas e outros materiais inflamáveis. E não pensem que é uma “simples” fogueira, porque não é. É algo pensado e construído por uma organização da vila/aldeia. Em muitos casos, são verdadeiras construções como castelos, tanto em comprimento como em altura. Ainda antes do buerg (castelo) ser inflamado, acontece uma pequena procissão com tochas (fazelzuch, em luxemburguês) pela vila até ao local onde se encontra a construção a incendiar. 

Realizado em quase todas as vilas do país, este evento junta a população em torno de uma pequena festa, onde os comes e bebes tradicionais não faltam, como bouneschlupp (sopa de feijão verde), Ierzebulli (sopa de ervilhas) ou Glühwäin (vinho quente). 

Hoje em dia, não acontece apenas ao domingo, mas também ao sábado, dependendo do local e para que todos possam participar em várias localidades. Em alguns dos locais, aqueles que levam a tradição mais a peito, cabe ao casal casado há menos tempo a honra de acender a fogueira ou ao casal que irá trocar os votos de casamento a seguir. 

Foi o nosso primeiro Buergbrennen, embora o ano passado (em 2022) já cá estivéssemos nessa altura, e decidimos ir ver aquela que (do que vimos online a nível de fotografias) é a maior construção para queimar neste evento, em Niederanven. Aqui, num recinto aberto e enorme, foi construído um grande castelo, com troncos e paletes. O início da queima do castelo estava marcado para as 19h30, mas já havia muita gente muito antes disso. Barraquinhas de comida e bebida nas duas pontas do recinto, famílias e amigos em plena confraternização e as pessoas a instalarem-se em locais de onde pudessem ter a melhor vista e tirar as melhores fotografias. Todo este processo acompanhado com música de fundo, para ajudar o tempo de espera a passar. 

A primeira "bomba" rebenta, by Sérgio Piçarra Photography

19h30 em ponto rebenta a primeira “bomba” e o incêndio do castelo começa. A partir daí foi esperar que todo o castelo pegasse fogo, as pessoas ficassem maravilhadas a olhar para aquele espetáculo (por algum motivo o fogo é algo hipnotizante e que nos prende ali) e a soltarem gritinhos de alegria enquanto se ouvia o crepitar da lenha. Só ao fim de uma hora é que as pessoas começaram a ir embora do recinto, como nós, não sem antes parar duas e três vezes pelo caminho e olhar para trás, para ver o espetáculo que estava ainda a acontecer. 

O "Castelo" totalmente em chamas, by Sérgio Piçarra Photography

O "Castelo" totalmente em chamas, by Sérgio Piçarra Photography

Um espetáculo bonito e uma tradição que a população de todo o país teima em manter e em passar aos mais novos, para que os costumes não se evaporem com o tempo. É um evento que junta famílias, amigos, habitantes locais e vizinhos de outras localidades. É um evento que trás a esperança de dias mais amenos e mais longos e com mais horas de luz. E tal como uma fénix renasce das suas próprias cinzas, esta festa traz-nos a esperança do renascimento de novos dias e de uma nova estação. 

A população a assistir, by Sérgio Piçarra Photography

Em busca dos melhores lugares e da melhor foto, by Sérgio Piçarra Photography

Datas: 25 & 26 de fevereiro de 2023