O Buergbrennen é um evento que acontece anualmente no primeiro domingo a seguir
ao Carnaval, o primeiro domingo da Quaresma, e significa “Castelo em Chamas”.
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O "Castelo" de Niederanven, by Sérgio Piçarra Photography |
Esta tradição luxemburguesa, de origem pagã, simboliza a despedida do inverno e
as boas vindas à primavera. Aqui “acende-se” uma grande fogueira para afastar a
estação fria, fogueira essa feita com bocados de madeira, palha, árvores de
natal velhas e outros materiais inflamáveis. E não pensem que é uma “simples”
fogueira, porque não é. É algo pensado e construído por uma organização da
vila/aldeia. Em muitos casos, são verdadeiras construções como castelos, tanto
em comprimento como em altura. Ainda antes do buerg (castelo) ser inflamado,
acontece uma pequena procissão com tochas (fazelzuch, em luxemburguês) pela vila
até ao local onde se encontra a construção a incendiar.
Realizado em quase todas
as vilas do país, este evento junta a população em torno de uma pequena festa,
onde os comes e bebes tradicionais não faltam, como bouneschlupp (sopa de feijão
verde), Ierzebulli (sopa de ervilhas) ou Glühwäin (vinho quente).
Hoje em dia,
não acontece apenas ao domingo, mas também ao sábado, dependendo do local e para
que todos possam participar em várias localidades. Em alguns dos locais, aqueles
que levam a tradição mais a peito, cabe ao casal casado há menos tempo a honra
de acender a fogueira ou ao casal que irá trocar os votos de casamento a seguir.
Foi o nosso primeiro Buergbrennen, embora o ano passado (em 2022) já cá
estivéssemos nessa altura, e decidimos ir ver aquela que (do que vimos online a
nível de fotografias) é a maior construção para queimar neste evento, em
Niederanven. Aqui, num recinto aberto e enorme, foi construído um grande
castelo, com troncos e paletes. O início da queima do castelo estava marcado
para as 19h30, mas já havia muita gente muito antes disso. Barraquinhas de
comida e bebida nas duas pontas do recinto, famílias e amigos em plena
confraternização e as pessoas a instalarem-se em locais de onde pudessem ter a
melhor vista e tirar as melhores fotografias. Todo este processo acompanhado com
música de fundo, para ajudar o tempo de espera a passar.
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A primeira "bomba" rebenta, by Sérgio Piçarra Photography |
19h30 em ponto rebenta
a primeira “bomba” e o incêndio do castelo começa. A partir daí foi esperar que
todo o castelo pegasse fogo, as pessoas ficassem maravilhadas a olhar para
aquele espetáculo (por algum motivo o fogo é algo hipnotizante e que nos prende
ali) e a soltarem gritinhos de alegria enquanto se ouvia o crepitar da lenha. Só
ao fim de uma hora é que as pessoas começaram a ir embora do recinto, como nós,
não sem antes parar duas e três vezes pelo caminho e olhar para trás, para ver o
espetáculo que estava ainda a acontecer.
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O "Castelo" totalmente em chamas, by Sérgio Piçarra Photography |
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O "Castelo" totalmente em chamas, by Sérgio Piçarra Photography |
Um espetáculo bonito e uma tradição que
a população de todo o país teima em manter e em passar aos mais novos, para que
os costumes não se evaporem com o tempo. É um evento que junta famílias, amigos,
habitantes locais e vizinhos de outras localidades. É um evento que trás a
esperança de dias mais amenos e mais longos e com mais horas de luz. E tal como
uma fénix renasce das suas próprias cinzas, esta festa traz-nos a esperança do
renascimento de novos dias e de uma nova estação.
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A população a assistir, by Sérgio Piçarra Photography |
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Em busca dos melhores lugares e da melhor foto, by Sérgio Piçarra Photography |
Datas: 25 & 26 de fevereiro de 2023
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