O Buergbrennen é um evento que acontece anualmente no primeiro domingo a seguir ao Carnaval, o primeiro domingo da Quaresma, e significa “Castelo em Chamas”.
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A "Cruz" de Bonnevoie, by Me |
Neste
post, de 2023, explicamos um pouco sobre esta tradição secular, mas fica aqui novamente um pequeno resumo para quem não leu.
Esta tradição luxemburguesa, de origem pagã, simboliza a despedida do inverno e as boas vindas à primavera. Aqui “acende-se” uma grande fogueira para afastar a estação fria, fogueira essa feita com bocados de madeira, palha, árvores de natal velhas e outros materiais inflamáveis. Mas não pensem que é uma “simples” fogueira, porque não é. É algo pensado e construído por uma organização da vila/aldeia. Em muitos casos, são verdadeiras construções como castelos, tanto em comprimento como em altura. Ainda antes do buerg (castelo) ser incendiado, acontece uma pequena procissão com tochas (fazelzuch, em luxemburguês) pela vila até ao local onde se encontra a construção a queimar - esta procissão não acontece sempre, nem em todos os locais.
Realizado em quase todas as vilas do país, este evento junta a população em torno de uma pequena festa, onde os comes e bebes tradicionais não faltam, como bouneschlupp (sopa de feijão verde), Ierzebulli (sopa de ervilhas) ou Glühwäin (vinho quente).
Hoje em dia, não acontece apenas ao domingo, mas também ao sábado, dependendo do local e para que todos possam participar em várias localidades.
Se o ano passado, o ano do nosso primeiro Buergbrennen, fomos ver o maior Buergbrennen realizado no país, este ano decidimos ficar pela localidade onde moramos e ver a construção do "nosso" bairro. Aqui quem realiza o evento são os Escuteiros também do bairro e pela Fanfarra Municipal.
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Começa o "incêndio", by Me |
O início da queima do castelo estava marcado para as 19h15 e quando lá chegamos antes disso já havia muita gente. Barraquinhas de comida e bebida junto à cruz, feita com paletes e outros materiais inflamáveis; famílias e amigos em plena confraternização e as pessoas a instalarem-se em locais de onde pudessem ter a melhor vista e tirar as melhores fotografias. Toda a feste foi acompanhada com música de fundo, tocada pela Fanfarra Municipal, para ajudar o tempo de espera a passar.
Às 19h30 o fogo é ateado, após uma pequena procissão feita pelos escuteiros (costuma haver uma procissão maior, que vai desde a igreja do nosso bairro até ao local onde se dá o buergbrennen, mas este ano não foi realizada) e o incêndio da cruz começa. A partir daí foi esperar que toda a construção pegasse fogo, com as pessoas (nós incluídos) maravilhadas a olhar para aquele espetáculo (há alguma coisa no fogo que se torna hipnotizante e que nos prende ali a olhar como se nunca tivéssemos visto uma fogueira a arder).
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A "cruz" totalmente, em chamas, by Me |
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A "cruz" totalmente, em chamas, by Me |
Ao fim de quase uma hora, a cruz já estava praticamente queimada e a população começou a deixar o recinto. Apesar de estar praticamente queimada quando nos viemos embora, ao chegarmos a casa, ainda conseguíamos ver ao longe algumas chamas e sentir o cheiro a queimado (acho que o cheiro andou no ar todo o fim-de-semana devido à quantidade de "fogos" que houve no país).
É um espetáculo bonito de se ver e uma tradição que a população teima em manter e em passar aos mais novos (o que pessoalmente acho muito bem), para que os costumes não se evaporem com o tempo.
Este evento junta as famílias, os amigos, os habitantes locais e os vizinhos de outras localidades. Trás a esperança de dias mais amenos, mais longos (que já se notam bem) e com mais horas de luz. Traz-nos a esperança do renascimento de novos dias e de uma nova estação.
Data: 17 de fevereiro de 2024
* Todas as fotografias publicadas foram tiradas por mim, com o telemóvel, e pelo Sérgio Piçarra Photography (o meu fotografo preferido 😍)!