terça-feira, 26 de maio de 2020

Da minha janela: verde, a cor da Esperança!

Da minha janela...


Esta casa conquistou-nos quando a visitamos pela primeira vez. A luz que percebemos que tinha (e ainda tem) e o magnífico terraço que a acaba de compor foram dois pontos-chave para a comprarmos. Com janelas grandes em todas as divisões deixa-nos olhar lá para fora sem a sensação de estarmos presos entre quatro paredes.

Da minha janela, junto à qual me sento todos os dias para trabalhar, vejo essencialmente o verde das árvores. Parece que floresceram de um dia para o outro. Lembro-me de, no início do isolamento social, ainda estarem meio despidas de folhas e permitirem ver os terraços dos prédios em frente e as varandas. Agora, repletas de folhas, dão-nos uma sensação de privacidade maior (embora alguns vizinhos nos consigam ver quando andamos lá fora).

Da minha janela vejo o canteiro dos morangos, feito carinhosamente pelos nossos pais pouco depois de nos mudarmos para cá (ideias minhas pois claro). Vejo os melros a poisarem no muro do terraço, todos pretos com o seu bico laranja. Por vezes, parecem empedernidos a olhar para os morangos, mas arranjamos maneira de os afastar sem estar sempre a correr lá para fora (uma calhar elétrica e CDs velhos fazem um bom espantalho). Vejo o sol a brilhar, o céu completamente azul e pássaros a voar de árvore em árvore (devem haver vários ninhos na espécie de pinheiro que temos mesmo em frente). Ouvimos também o seu chilrear constante, como se de música se tratasse. Parecem-me mais ariscos também, agora que tem havido menos pessoas na rua. Antes do confinamento também ouvíamos as crianças da creche que existe no prédio ao fundo da rua, som esse que agora só se ouve ao final da tarde, quando os pais terminam os seus trabalhos e saem com os filhos para um passeio aqui na urbanização.

Está a chegar a hora de almoço e, da minha janela, começo a ver mais movimento em algumas varandas com as mesas a serem preparadas para a refeição em família. Ouve-se agora o barulho dos talheres e dos pratos batidos uns nos outros e o burburinho de crianças. Se houve alguma coisa boa nestes tempos foi trazer vida às casas, às varandas e terraços e, provavelmente, às pessoas que lá moram. Pergunto-me se, quando a pandemia passar, continuarei a ver vida nestas varandas, outrora vazias de pessoas mas mobiladas para ninguém as usar. Pergunto-me se vou continuar a ouvir o cantar dos pássaros com a mesma intensidade. E pergunto-me se vou continuar a ouvir o som dos talheres e dos pratos para as refeições de família… tudo isto a partir da minha janela!

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